
Edição 2023
Já estão identificados os finalistas da Edição 2023 do Global Teacher Prize Portugal.
Fique a conhecer a sua história, projetos e práticas inspiradoras.

ANA MARIA FELICIANO DOS SANTOS MONIZ
Professora de Educação Especial no Agrupamento de Escolas Fernão do Pó, no concelho de Bombarral, distrito de Leiria. Ana Moniz trabalha diretamente com cerca de 126 alunos desde o pré-escolar ao 12º ano, numa intervenção mais direta com alunos com perturbação do espectro do autismo que frequentam o Centro de Apoio à Aprendizagem. Contribuiu para a criação de espaços de aprendizagem ativos e diferenciadores, para a criação de uma sala Snoezelen e para a dinamização de técnicas multissensoriais. É autora do projeto “Ler Lazer e Aprender”, desenvolve o projeto “Aprender a ser Fazendo” com a quinta pedagógica Bambilocas, que tem como objetivo o desenvolvimento da autonomia na realização de atividades da vida diária através do contacto com a natureza. Com todas estas iniciativas, a professora procura responder às necessidades cognitivas, sociais, de linguagem, e de interação numa simbiose de preparação para a vida ativa dos alunos. Uma das ferramentas utilizadas são as sinergias com as estruturas diretivas, com a escola e com a comunidade na organização de espaços e recursos adaptados, assim como com os docentes e os técnicos no sentido de definir como se pode ensinar e o que se precisa de aprender numa visão holística do aluno enquanto pessoa. Com a sua prática diária, contribui para que os alunos sejam mais interventivos e empreendedores, que aprendam em instalações físicas apropriadas e sensíveis às deficiências e à igualdade de género, com ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes para todos.

ANICETA NEVES PENA
Professora na Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Pombal, no distrito de Leiria. Atualmente, Aniceta Pena exerce a coordenação pedagógica de um centro qualifica e é docente de Português, Área de Integração, Oficina do Conhecimento e Tutora do curso profissional Técnico Auxiliar de Farmácia, no qual liderou a construção do plano curricular e o sistema de tutorias. Em 2022, a primeira turma deste curso profissional obteve uma taxa de conclusão efetiva de 100%. A avaliação global de competências pretende valorizar as soft skills e evidenciar de forma clara a evolução do desempenho do aluno ao longo do curso. As suas aulas caracterizam-se pela prática de uma aprendizagem ativa, nomeadamente uma aprendizagem baseada em projetos (Project Based Learning – PBL), onde os alunos aprendem através da realização de projetos práticos, estimulando a criatividade e o trabalho colaborativo; aprendizagem por projetos em equipa (Team Based Learning – TBL), onde os alunos realizam trabalho colaborativo para desenvolver projetos multidisciplinares e integrados que promovem a criatividade e a resolução de problemas; criação de mapas interativos; planificação, operacionalização e avaliação (auto e heteroavaliação) de atividades; utiliza o humor relacionado com a área profissional, para introduzir os conteúdos. Os seus alunos constroem um portefólio reflexivo de aprendizagens por competência, que é utilizado como instrumento de avaliação.

ANTÓNIO JOÃO APOLINÁRIO PEREIRA
Professor na Escola da APEL (Associação Promotora do Ensino Livre), no Funchal, na ilha da Madeira, António Pereira leciona no Ensino Secundário Profissional. Além da disciplina de Educação Física e UFCDs de Desportos de Natureza na Escola da APEL, é também assistente convidado na Universidade da Madeira. O professor encontra no rapel, na escalada, no tiro com arco, na orientação, na canoagem, nas expedições e peregrinações, “salas de aula” nutridas de neutralidade no que concerne a discrepâncias entre aptidões e com doses adequadas de risco, capazes de evidenciar o que de melhor existe em cada jovem. Nas aulas, os alunos preparam-se “para partir”. Debatem, planeiam, aprendem técnicas, criam conhecimento e através do construtivismo crítico enaltecem o melhor de cada interveniente, através de uma metodologia ativa onde o aluno constrói a sua aprendizagem. A integração dos pais é regular, sobretudo em acampamentos e caminhadas com o intuito de os envolver como agentes educativos ativos. Como diz o professor António, “não podemos tirar o aluno da natureza, sob pena de perdermos a natureza que cada aluno tem”.

CARLOS ALBERTO GARRINHO GONÇALVES CAFÉ
Professor na Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, no concelho de Portimão, distrito de Faro, Carlos Café leciona Filosofia no Ensino Secundário Regular. Enquanto professor, sente-se como um contrabandista, que estabelece canais entre as teorias dos filósofos e as vivências e perplexidades dos alunos. Defende que o risco maior de um professor é cair na rotina e, por isso, no início de todos os anos letivos coloca o centro de gravidade da sua profissão nos alunos. Para além dos testes e do ensaio filosófico, existem os “objetos filosóficos”, a “tarefa filosófica de turma” ou, principalmente, o “projeto pessoal de Filosofia”, que tem sido utilizado pelos seus pares. Com o professor Carlos, “NINGUÉM VAI CHUMBAR A FILOSOFIA”. Para além das aulas, participou em várias formações como formador, a pedido da APF (Associação de Professores de Filosofia): – “FORA DA CAIXA. Aprender Filosofia em contramão – uma experiência de partilha de aulas online” – “Diz-me o que ouves, dir-te-ei quem és!” – “O alinhamento de práticas de avaliação com a flexibilidade e a integração curricular”. Autor de dois livros, criou ainda o blogue A Filosofia vai ao Cinema como espaço de partilha e de reflexão crítica para alunos e professores, hoje substituído pela página de Facebook e um canal de YouTube.

CRISTINA MARIA DE SOUSA FERREIRA MARQUES
Professora de Português no Ensino Secundário Regular, na Escola Básica e Secundária Oliveira Júnior, no concelho de São João da Madeira, distrito de Aveiro. Perceber que ensinava melhor, sendo as personagens de quem apresentava as obras, foi o segredo para desenhar a sua principal estratégia pedagógica. Nunca se liberta dos autores clássicos e não prescinde da sua linguagem. Como transforma “esse tédio” numa atividade apelativa? Fazendo teatro! A sala de aula é um verdadeiro palco prestes a receber o ato da professora Cristina, que assume a voz e interpreta a personagem no seu todo, interagindo com os alunos e levando-os, também, a assumir um papel. Para incentivar o gosto pela escrita criativa, dinamiza um projeto de continuidade: uma revista literária onde publica textos originais de alunos e fotografias feitas por alunos dos cursos profissionais. Teve a oportunidade de dinamizar ações de formação para professores, replicando a sua prática. Em 1991, fundou um grupo de teatro que se revelou um projeto de continuidade, porque existe desde então, sem interrupções e que este ano conta com 40 alunos, com um perfil multicultural diversificado. O âmbito do trabalho deste grupo não se circunscreve ao espaço físico da escola, pois as parcerias culturais com o Município permitem visitas de estudo e atuações em diversas iniciativas da cidade. Dado o sucesso deste grupo, a professora decidiu fundar um de professores, com ação semelhante e que conta já com 11 anos de existência.

LÍDIA MARIA FERNANDES DINIZ MINEIRO
Professora na Escola Secundária Quinta das Palmeiras, na Covilhã, distrito de Castelo Branco, Lídia Mineiro leciona as disciplinas de História, História da Cultura e das Artes e Cidadania e Desenvolvimento. Filha de pais professores, desde cedo percebeu a importância da motivação e da mobilização de cada aluno para uma aprendizagem com sucesso. Promove o estudo da História articulando o trabalho dos alunos com historiadores, que colaboraram em projetos e concursos promovidos localmente ou a nível nacional. Com a pandemia, percebeu ser fundamental reforçar a aprendizagem de competências digitais e estar na linha da frente da tecnologia. Foi responsável pela definição da Estratégia de Escola de Educação para a Cidadania, tendo proposto uma modalidade de implementação desta área através do desenvolvimento de Projetos pelos alunos dos 10º e 11º anos. Na disciplina de Oferta de Escola do 12º ano – Vivências e Experiências de Cidadania, possibilita aos alunos a abordagem de temas mais negligenciados no currículo (como a literacia política e a literacia financeira) ou o debate de temas da atualidade, desenvolvendo uma opinião crítica e fundamentada e uma cidadania ativa e participativa. Com esta disciplina pretende desenvolver nos alunos competências empreendedoras, com base no conhecimento mais aprofundado do meio local e através do desenvolvimento de pesquisas e contactos virtuais com dirigentes políticos, associativos e população que permitiram o estudo das freguesias do concelho da Covilhã, as suas características, particularidades, recursos e património. Os alunos formam equipas e criam ideias de negócio, trabalhando através de plataformas online com diversos parceiros.

NUNO MAURÍCIO PIRES GONÇALVES
Educador de infância no Centro Social Paroquial de Chaves, distrito de Vila Real, Nuno Gonçalves é mestre em ciências da educação, no domínio da educação especial, especialista em intervenção precoce e cognitivo motor, coordena uma equipa multidisciplinar de apoio à educação inclusiva. Iniciou uma investigação denominada de “Os contributos do brincar para uma educação inclusiva no jardim de Infância” e que resultou no projeto: ”Laboratório dos Sentidos”, que consistiu na transformação das práticas de um contexto de educação de infância, utilizando a formação aos educadores e encarregados de educação e na melhoria/intervenção dos espaços como estratégia de apoio ao desenvolvimento profissional. A importância atribuída ao espaço, enquanto dimensão sustentadora para o brincar e a inclusão, foi tão reveladora que todos os educadores decidiram reorganizá-lo. Após a intervenção no espaço exterior, em conjunto com a família, foram definidas várias áreas, como é o caso da cozinha bela infância, caixa de areia, territórios de água (circuitos de água), circuitos com pneus, a zona de relaxamento, casinha musical, horta pedagógica que ao mesmo tempo desperta a consciência ambiental. Depois deste envolvimento das famílias e a comunidade surgiram projetos mais grandiosos por exemplo “Maias Floridas desfile em Flor” que com as crianças e colaboração dos pais transformamos a cidade de Chaves. O projeto: “Há histórias na cidade” com um grande envolvimento das famílias, crianças e comunidade educativa.

PAULO JORGE NOGUEIRA TORCATO
Professor no Agrupamento de Escolas de Portela e Moscavide, concelho de Loures, distrito de Lisboa, Paulo Torcato leciona, atualmente, as disciplinas de Introdução à Robótica e Cidadania Digital. Nunca pensou ser professor, mas a sua personagem preferida da Disney era o professor Pardal com as suas “engenhocas”. Iniciou a Robótica Educativa e criou o projeto “O Robot Ajuda!”, motivando os alunos para a realização de projetos que os obriguem a investigar, trabalhar colaborativamente e a desenvolver múltiplas competências. No curso Vocacional do 3.º Ciclo, destinado a alunos com pelos menos duas retenções e em risco de abandono escolar, foi aplicada a metodologia Project Based Learning, aliado à robótica educativa. Em consequência dos excelentes resultados, o agrupamento tem como oferta de escola a disciplina de “Introdução à Robótica”. A realização de desafios/projeto com robôs móveis (elaborado pelos alunos e para os alunos) e um formato flexível motiva os diversos tipos de alunos, desde o aluno “normal”, ao desmotivado ou com dificuldades de aprendizagem (incluindo os alunos com Necessidades Educativas Especiais), até aos excecionais. Partindo de uma situação problema/desafio, os alunos procuram uma solução e programam o robô implementando-a. No final de cada ano letivo, e durante uma semana, decorre a Summer School, apoiada por empresas e pela autarquia. Os profissionais das empresas que os apoiam partilham a sua experiência laboral e aprendem robótica com os seus alunos. O professor Paulo partilha a sua experiência através da formação inicial de professores de Informática e como professor cooperante no Mestrado em Ensino-Informática (IEUL).

RUI MANUEL ÁVILA DA ROSA
Professor do 2º Ciclo do Ensino Básico de Matemática e Ciências Naturais no Agrupamento de Escolas de Marinhais (Ribatejo), no concelho de Salvaterra de Magos, distrito de Santarém. Ser professor não constava dos seus planos, mas a vida trocou-lhe as voltas e trabalha com alunos desenquadrados do Sistema Educativo e em risco de abandono escolar. A sua grande luta é criar condições para que todo e qualquer Ser Humano (aluno) consiga colocar no ativo todo o seu potencial de sucesso e conquistar seus sonhos. Enquanto professor, criar turmas com projetos que levem estes alunos ao sucesso tem sido o seu percurso. Nos últimos anos, as taxas de sucesso de transição têm estado sempre nos 100%, para alunos que não encaravam o Sistema Educativo como parte integrante dos seus projetos de vida. O professor Rui criou projetos educativos, resgatando valores como o Trabalho, a Verdade e o Respeito. Iniciativas como a “Média Carter” e o estudo das inteligências múltiplas de cada turma (no início de cada ano letivo), o “Projeto TVR” e Projeto “Clube do Mar/Escola Azul” são alguns dos exemplos onde o amor da família, o aluno e a escola se abraçam e aproveitam a Escola em todo o seu esplendor. Uma das muitas parcerias estabelecidas pelo professor (em conjunto com um colega), permitiu a criação de uma oficina de mecânica e carpintaria onde cada aluno pode ser feliz e sentir (através dos 5 sentidos), a emoção da construção, da mecânica e da manipulação de materiais.

SÉRGIO RÚBEN LOUROSA ALVES
Professor de História, História de Arte, Geografia e Cidadania e Desenvolvimento, no Agrupamento de Escolas Romeu Correia, em Almada, no distrito de Setúbal. Sempre soube que quis ser professor, mas divide esta paixão com a música e o teatro, tendo uma carreia como cantor há 26 anos. Sérgio define-se como um professor cantor, que não é professor por não ter conseguido ser cantor, nem o contrário. Tendo tido formação e experiência artística em Música, Teatro e Dança, acaba por trazer essa influência para as suas práticas educacionais, motivação e trabalho em sala de aula. Digamos que uma aula do professor Sérgio não é, de todo, teórica, realizando várias encenações que ajudam os alunos a posicionar-se nas realidades do passado, interpretando, várias vezes, as próprias personagens. A música também faze parte do contexto histórico, e por isso, está também presente na sala de aula. Nas escolas por onde passou, fundou clubes de Teatro Musical e inspirado por uma série de televisão, apelidou-os de Drama Club ou Glee Club. No âmbito da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, o professor Sérgio criou um projeto em que os alunos fundam ONG’s fictícias e que começa já a ter parcerias relevantes para os alunos e para comunidade, nomeadamente com instituições. A principal mensagem do professor é mostrar que não temos de ser somente uma coisa e que isso não nos define, que podemos ser felizes e estar realizados no mesmo espaço com diferentes funções.